terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Viver: Liberdade e Direito de escolha(s)

Piergiorgio Welby , 60 anos sofre de distrofia muscular que se caracteriza por uma degeneração progressiva dos tecidos musculares que leva à total imobilidade e disfuncionalidade orgânica e física (um olhar à fotografia bastará para que esta ideia fique imediatamente clara) ; A condição apresentada nesta foto, que para nós apenas representa o momento fugaz em que lhe atribuimos uma percepção visual é a condição permanente de Piergiorgio desde 1997. Dele nos separa não só o espaço mas a total significação do que é ter um corpo no espaço, em movimento, um corpo que se agita, se crispa, relaxa e deixa embalar pelas emoções colhidas como frutos da arvóre da Vida....dele nos separa a inconsciência de saber como somos privilegiados por a cada dia que passe podermos deliberar os nossos gestos, actos e acções, nisto que dá sentido à vida. O seu apelo ao direito a morrer leva-me a crer, que da VIDA, Piergiorgio tem intima e profunda compreensão...a eutanâsia é e seria, tal como dar à luz, um acto de dádiva!

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Olá. Parabéns, a Time Magazine acaba de o distinguir como personalidade do ano

Bem vindos sejamos à nave Web 2.0! Nem Stanley Kubrick na sua visionária imaginação teria alguma vez pensado que a verdadeira odisseia no espaço é esta aqui...sim, aqui mesmo na world wide web. Estes tempos de revolução nas práticas do ciberespaço pautam-se pela rapidez e fluidez de informação que em milésimos de segundos percorrem o globo de um hemisfério ao outro, são os "bilhetes" distribuidos pela YouTube para assitir à realidade que está lá longe, é o conhecimento Wikipédia cujos conteúdos são livremente construidos, são as fusões de comunidades e individualidades virtuais na demonstração dos seus traços singulares e expressão de criatividade...novos modos de cooperação em grande escala . A Time pergunta: quem são afinal estas pessoas que dispendem tempo e paixão na construção do novo modelo Web 2.0? ...Nós, claro (para a imaginação e curiosidade sociológica, no entanto, esta resposta está longe de ser satisfatória). É nesta qualidade de protagonistas e produtores colectivos de uma projeção social que a Times decidiu , em vésperas de novo ano, nos dedicar a sua capa.

domingo, 17 de dezembro de 2006

A Maldita Aspirina no Rivoli

Baptismo de Blog: no jornal Público de hoje é notícia que a La Féria será entregue a gestão do Teatro Rivoli por um período de 4 anos, a iniciar em Maio de 2007, extinguindo-se por esta ocasião a Culturporto. La Féria no Rivoli era uma estória que já me tinha chegado aos ouvidos (como à de todos os que logram ter o sentido da audição, aliás) , mas o que mais risos e quase lágrimas me provocou nesta azáfama do Sr. Presidente Rui Rio - (ou melhor, "Sr. Dr." porque a bom português de mentalidade provinciana um título se impõe - "Major" é uma excepção no panoramo nacional) - em querer rentabilizar e não desperdiçar o dinheiro dos contribuintes foi constatar pela possível e provável programação sugerida por La Féria uma clara "aposta nas grandes produções", já tendo o produtor/encenador em mente para estreiar uma mega produção sobre a vida e obra de Carmen Miranda...sim, isto é deveras cultura e tal projecto não está desenquadrado do espaço ao qual se pretende destinar MAS 4 ANOS consecutivamente seguidos de "grandes produções" ao estilo La Feriano é sem dúvida alguma uma ofensa às diversas matizes e correntes artísticas que vivem e dinamizam a cena cultural da cidade como de igual modo um decreto de enfermidade permanente para quem sofre de enxaquecas agudas. Ora então Rui Rio e como disse o próprio a Judite de Sousa, não é contra a cultura, de todo (!!!), mas tem dela uma ideia singela, enviesada pelos numeros das receitas, constrangida pelo orçamento da camâra e envolta em lógicas de procura e oferta nebulosamente descritas pelo próprio . Simplesmente para o senhor, dá-me a entender pelos actos e já para não acrescentar pelas definições e reticências, que cultura é somente aquilo que é apelativo ao consumo massificado (perdoem-me, mas não resisto) e repelente ao bom gosto, isto é à virtude, apreço e curiosidade de ver e querer ver cultura na pluridimensionalidade que lhe é intrínseca. Ao minimizar o olhar dos portuenses, vendando-lhes a possibilidade de experienciar companhias de dança/teatro contemporâneas nacionais e internacionais subjaz uma consequência para o descrédito do Porto como cidade jovem e cosmopolita. Pela imposição de uma programação escolhida unicamente sob critérios de rentabilidade, os portuenses perdem assim a liberdade/oportunidade de conviver com a artes performativas nas suas facetas mais contemporâneas pela perda de um dos seus espaços até aqui consagrados - o Rivoli.
Eram tempos aqueles, que em terras Lusas, antes de 25 de Abril de 1974, certos movimentos artistícos eram desprezados e escamoteados, volvidos quase 33 anos estamos perante aquilo que Nietzche chamava o eterno retorno, a História que se repete actualmente sob os códigos democráticos mas numa coincidência simbólica remanescente das antigas ideias e práticas ... Rivolição!!!