quinta-feira, 10 de maio de 2007

Bjork...a Única, Volta.

Bjork incrivelmente de VOLTA. Ela que odiou trabalhar com um "Napoleão Bonaparte" chamado Lars Von Trier, lançou esta semana o seu novo album: volta...deixo aqui uma breve mostra da ambiência poética que acompanha as sonoridades deste trabalho imperdível.

WANDERLUST I am leaving this harbour giving urban a farewell its habitants seem too keen on God I cannot stomach their rights and wrong I have lost my origin and I don't want to find it again rather sailing into nature's laws and be held by ocean's paws wanderlust! relentlessly craving wanderlust peel off the layers until you get to the core did I imagine it would be like this was it something like this I wished for or will I want more? lust for comfort suffocates the soul this relentless restlessness liberates me sets me free I feel at home whenever the unknown surrounds me I receive its embrace aboard my floating house wanderlust! relentlessly craving wanderlust peel off the layers until you get to the core did I imagine it would be like this was it something like this I wished for or will I want more? wanderlust! from island to island wanderlust! united in movement wonderful! I enjoy it with you wanderlust! wanderlust! can you spot a pattern? relentlessly restless restless relentlessly restless relentlessly can you spot a pattern? Pois...a problemática para uma tentativa de "padronização" é sempre digna de confusão para ela e para todos aqueles que se interessam pelo "human behaviour"...há sempre várias maneiras e muitas até contraditórias, entre si, de observar esse objecto, felizmente nenhuma alcança a plena exaustividade explicativa, se bem que a Bjork no que concerne à questão, tem se centrado ultimamente nos labirinticos processos da "noz" e da "casca da noz", mas isto com os óculos das neurociências postos por cima do narizito.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Aliviar os sintomas culturais da (homo)fobia

Segunda-feira passada estava eu enfileirada à beira rio, no trânsito local da cidade do Porto quando me dei por feliz de ouvir as constatações, no programa da Rádio Clube, do "trio gay" (Paulo Côrte Real - dirigente da ILGA Portugal / Rita Paulos- fundadora da rede Ex-Aequo e Sara, a respectiva companheira) no programa Janela Aberta, quinzenalmente organizado com este grupo para discutir os temas da actualidade. Aquilo que estava em debate era precisamente a igualdade de acesso ao casamento civil, proposta esta avançada pela Comissão de Projectos para as Comemorações do Centenário da Républica em 2010, presidida pelo jurista Vital Moreira. O contexto do Ano Europeu para a Igualdade de Oportunidades para Todos, que pretende, como objectivo amplo e geral, sensibilizar a população para os benefícios de uma sociedade mais justa e solidária, através da promoção da igualdade e da não discriminação - agenda que conta com seis áreas de discriminação que serão abordadas durante 2007 - parece o cenário ideal para defendermos o que de facto está reiterado alínea após alínea e que enforma os princípios gerais da constituição portuguesa, a saber convém de facto reforçarmos medidas para que os seguintes artigos sejam de facto executados, exercidos e plenamente reivindicados e defendidos:
  1. O artigo 13º defende que todos são iguais perante a lei e que todos partilham da mesma dignidade social, por isso ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.
  2. O artigo 26º defende que a todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer forma de discriminação.
  3. o artigo 36 º completa neste sentido que todos têm direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade.
Parece-me que os artigos que revisei aqui colocam desde logo uma série de claras e evidentes desarticulações à condição vivida por aqueles que não partilham as hegemónicas referências heterossexuais. Porque aos problemas que as pessoas LGBT sentem pela opressão real e simbólica constante do meio que resulta muitas vezes em problemas de desadaptação familiar, isolamento social, instabilidade emocional, etc, devem as instituições ter a obrigação de responder com medidas efectivas e legitimas que possibilitem uma visibilidade sustentada de todos os que se identificam como sendo não heterossexuais, garantindo assim meios que impossibilitem a perpetuação de atitudes e actos discriminatórios. Assegurar todos os direitos acima referidos passa imprescindivelmente pela aquisição de um espaço na lei vigente que permita que o casamento civil seja livremente celebrado entre duas pessoas do mesmo sexo. Afinal se sabemos que a sexualidade - tal como todo o real na sua dimensão humana (aliás só na qualidade de humanos é que equacionamos esta palavra) - é socialmente construída e que condições e necessidades precisas, históricas e sociais, naturalizaram a heterossexualidade como única possibilidade patologicamente isenta e existente de amar e ser amad@, estão então actualmente reunidos os conhecimentos comuns necessários que esclarecem que a realidade e/ou natureza é per si diversa, multidimensional e intrinsecamente complexa, e que em sociedades secularizadas e relativamente afastadas dos dogmas (como a nossa), fica por conseguinte o reducionismo ideológico como uma hipótese que para além de obsoleta, tristemente desumanizante, principalmente quando proclamada por assumidos republicanos antifascistas.